A história de Raimundo Nonato, de 65 anos, mostra que a paternidade é uma missão muito maior que prover e criar os filhos. O nascimento da sexta e última filha, Caroline Figueiredo, há 34 anos, transformou a vida do lavrador e despertou nele um sentimento diferente de tudo o que ele já havia vivenciado. Caroline nasceu com transtornos mentais e, desde então, demanda um cuidado especial por parte dos pais. Raimundo é o primeiro personagem da série de histórias sobre paternidades exemplares realizadas pela Prefeitura de Araguaína no mês dos pais.
“Eu me sinto bem. A gente tem que assumir, porque não é o meu querer. É como Deus quis. Se ele me deu uma filha em condições especiais, é porque era para ser", diz Raimundo. Ele conta que, desde o nascimento de Caroline, a família enfrentou batalhas de saúde e superações, não só por causa das necessidades da filha. Sua esposa, Helena Figueiredo, tem problemas nos rins e há 19 anos precisa fazer hemodiálise pelo menos três vezes na semana.
Em meio a esse contexto desafiador, o lavrador abraçou ainda mais a responsabilidade de ser mais que presente na vida da filha. “A gente cuida direitinho dela. Nós a deixamos à vontade para fazer o que quer, quando quer. É parte do nosso jeito de cuidar dela”.
A palavra final
Por causa da relação próxima e de muita cumplicidade, Raimundo conta com bom humor que, nas rotinas do dia a dia, Carol faz o que quer, mas sempre obedece a palavra final do pai. “Quando ela não quer banhar, mãe dela reclama. Mas quem que cuida mais dela sou eu, então eu falo para ela ir. Ela teima e diz que só vai quando quiser. Só que passa um pedacinho, ela vai por conta própria”.
Ajuda valiosa
Em meio ao trabalho no campo, no transporte de cargas e nos cuidados com a Carol, Raimundo se deparou com um conhecido que trabalhava no Centro-Dia. "Eu não sabia que esse lugar existia. Estava sempre em busca de um local onde ela se sentisse bem e foi quando fui fazer esse frete que a oportunidade surgiu." Caroline faz uso dos serviços da unidade há cerca de dois anos, entrando às 8 horas e permanecendo até as 18 horas, de dois a três dias na semana.
Para ele e a esposa, o Centro-Dia se tornou um apoio essencial na rotina diária. "Saber que ela está em um lugar seguro e acolhedor durante o dia nos alivia muito. É um auxílio que não apenas proporciona a ela atividades e interações, mas também nos dá tranquilidade para seguir com nossos afazeres".
A relação entre pai e filha é tão profunda que, nos dias em que Caroline frequenta o Centro-Dia, tanto Raimundo, quanto sua esposa, sentem a falta dela em casa. “Ela fica melhor que nós. Quando ela está no Centro, a gente fica em casa chamando o nome dela, porque a gente sente falta, né? Antes ela ficava em casa todos os dias com a gente, mas ela está se dando bem”, conta Raimundo.
Até o final
A lida com as necessidades da filha, como o próprio Raimundo reforça, é uma responsabilidade dada pela vida, por isso ele faz tudo o que está ao alcance para cuidar de Caroline da melhor forma. “Eu tenho que assumir essa missão, eu vou até o final da vida assim”, ressalta o lavrador.
(Por Jefferson Cândido | Fotos: Marcos Filho Sandes / Secom Araguaína)
Caroline é frequentadora do Centro Dia de Araguaína de duas a três vezes por semana e, segundo o pai, é uma ajuda valiosa para a família
"Eu tenho que assumir essa missão, eu vou até o final da vida assim”, ressalta Raimundo