Com a mãe internada no Hospital Municipal de Campanha, servidor público que prefere não se identificar relata como quase caiu em um golpe, após receber uma ligação
Por Giovanna Hermice | Fotos: Arquivo pessoal
Uma longa conversa, com muitas informações e detalhes, foi assim que o servidor público H.M.S, de 44 anos, que prefere não se identificar, quase caiu em um golpe de estelionato. Usando o nome do HMC (Hospital Municipal de Campanha) de Araguaína, o criminoso ligou para a vítima, que dá detalhes de como tudo ocorreu.
“Uma pessoa ligou para mim de manhã, afirmando que era médico do HMC, dizendo que a minha mãe tinha passado por exames na noite anterior que confirmaram uma infecção no pâncreas. Esse falso médico disse que outros exames deveriam ser feitos com urgência, para realizar uma cirurgia e que ele falou com uma pessoa do SUS, que disse para ele que o SUS só poderia fazer os exames daqui 15 dias”, relatou.
Durante a ligação, o suposto médico insistiu na realização dos exames devido ao quadro de saúde da mãe da vítima. “Ele falou que existia uma médica de uma clínica parceira, informou o nome dela, disse o nome dessa clínica. E que esses exames tinham que ser feitos particulares, porque no hospital não tinha os equipamentos necessários”, explicou.
A transferência bancária
Por sua mãe está enfrentando problemas de saúde há anos, o servidor ficou muito preocupado com a situação e chegou a acreditar na conversa, principalmente porque informou o seu contato na unidade hospitalar, em qualquer caso de emergência.
“Pediram R$ 550 para a ambulância e R$ 450 dos exames e medicação. Ele me disse que o SUS depois iria ressarcir esse valor para mim. Passaram a opção de pix ou conta bancária, eu estava quase fazendo o pagamento, quando comecei a desconfiar que poderia ser um golpe”, disse H.M.S.
Sinais do golpe
Quando o desespero passou, a vítima foi refletir racionalmente sobre a ligação e notou que o suposto médico havia errado a idade da mãe dele, não utilizou a mesma abordagem para atualizar o quadro de saúde dela e estranhou, pois o hospital estava também ligando para ele. Com tantos sinais de um possível golpe e desconfiado, H.M.S foi presencialmente até o Hospital Municipal de Campanha.
“Cheguei na recepção e perguntei para a assistente social se tinha um médico chamado Cléber, ela me respondeu: Essa pessoa nunca trabalhou aqui e me falou que era um golpe e que estava tentando falar comigo para me alertar. Eu fiquei pasmo quando soube, pois conversei por uns oito minutos com esse suposto médico. Graças a Deus, não cai no golpe, foi uma tentativa!", afirmou a vítima.
Providências
O Hospital Municipal de Campanha, que é administrado pela Prefeitura e gerido pelo ISAC (Instituto Saúde e Cidadania), emitiu uma nota sobre o caso, esclarecendo que os serviços da unidade são totalmente gratuitos e custeados com recursos públicos, do município, Estado e SUS (Sistema Único de Saúde). Informou ainda que, após tomar conhecimento do golpe, um Boletim de Ocorrência foi registrado.
“Pessoas de má índole estão ligando para os familiares de nossos pacientes para aplicar golpes. As unidades são públicas e gratuitas, caso as pessoas recebem esse tipo de ligação, por favor façam um boletim de ocorrência e entrem em contato com o SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) do ISAC, pelo telefone (63) 98467 9515”, orientou o diretor das unidades ISAC em Araguaína, Waldemar Cardoso.
É crime
O delegado da Polícia Civil Luiz Gonzaga explica que casos como esses são classificados como crimes de estelionato e falsa identidade e as penas podem chegar até seis anos de prisão.
“Configura como crime de estelionato, quando a pessoa busca obter para si uma vantagem ilícita em prejuízo alheio. Usa de artifícios fraudulentos, cria toda uma história para convencer a vítima. Ele ainda se passa por médico o que também configura crime de falsa identidade. No caso do estelionato, a pena pode chegar a cinco anos de reclusão e de falsa identidade é de até um ano”, explicou.
Ele ainda orienta como a população pode evitar cair nesses crimes e da importância de realizar um boletim de ocorrência para que o caso seja investigado. “Primeiramente, sempre desconfie de contextos que envolvem o pedido de dinheiro, seja por meio de depósito, transferência, pix, pois a probabilidade de ser um golpe é muito grande. Em situações como essa, recomenda que não se faça o pagamento e imediatamente um boletim na Polícia Civil seja registrado”, orientou o delegado.
O delegado da Polícia Civil explica que casos como esses são classificados como crimes de estelionato e falsa identidade