Atendimento especializado é fornecido gratuitamente pela Prefeitura na Unidade de Acolhimento Adulto
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Sandes/Ascom
Mais sete pessoas iniciaram uma nova fase da vida junto às suas famílias após um longo aprendizado contra dependência química na Unidade de Acolhimento Adulto. O serviço é oferecido gratuitamente pela Prefeitura de Araguaína. Os homens receberam o certificado de conclusão do tratamento de seis meses nesse domingo, 13, em cerimônia que contou ainda com servidores e voluntários da instituição e representantes da Secretaria Municipal da Saúde.
“Saio daqui gordinho e com coragem de trabalhar. Antes eu devia para todo mundo, agora eu acordo com dinheiro no bolso para comer do bom”, afirmou José da Silva, 56 anos, conhecido como Dedé. Ele já está com a família há alguns dias e retornou para participar do evento junto com os companheiros. A filha Patrícia disse que já notou a diferença. “Só vitória. Antes vivia como mendigo. Agora ajuda na casa, está fazendo bicos, é outra pessoa”.
O caminho é difícil e cheio de armadilhas. Essa é a segunda vez que Wilton Brito, 51 anos, recebe o tratamento na local. Diferente da primeira, a irmã Josefa percebeu que desta vez foi diferente. “Ele não aceitava o tratamento, não dividia a tarefa com os outros. Jamais vou desistir dele porque o amor não se atropela, se zela, e ele mudou, dessa vez aceitou se recuperar”.
Já foram tratadas mais de 800 pessoas no local e a maioria sai sem precisar tomar medicamento para dependência química.
Investindo em pessoas
O serviço já era prestado pela comunidade de pastores desde 2013, quando se chamava Comunidade Terapêutica Vida Nova. Ele foi acolhido pela Prefeitura no final 2017, e transformado no primeiro espaço público do Estado do Tocantins, com ampliação do ambiente e fornecendo profissionais da área da saúde mental. Hoje, tem capacidade de atender 40 pessoas por vez e devido à pandemia o limite foi reduzido em 50%.
O superintendente da Saúde Murilo Bastos avaliou que Araguaína contina avançando no tratamento aos dependentes químicos. “A saúde é a prioridade para o prefeito Wagner Rodrigues. Hoje, a unidade conta com um médico exclusivo, que foi aprovado no concurso público. Há um trabalho diário de acompanhamento e que desenvolveu um prontuário para ajudar na sequência do tratamento e ainda de outras doenças, como hipertensão e diabetes”.
Longo tratamento
A unidade faz parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Para ser atendido é necessário passar primeiro pelo CAPS AD 3 (Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e outras Drogas). “A pessoa que aceita que é dependente químico primeiro fica 14 dias no Caps, onde tem monitoramento de psicólogo, enfermeiro e psiquiatra nos primeiros momentos da abstinência”, explicou o coordenador Wagner Enoque.
Depois da transferência para o local, eles começam uma terapia que envolve o fortalecimento do corpo, mente e espiritualidade. A programação começa às 7 horas e vai até às 20 horas, com limpeza e organização da área, manutenção da horta, grupo de oração, terapia e ainda educação física. Tudo com acompanhamento de uma equipe multiprofissional formada por 14 colaboradores, entre médico, enfermeiro, psicólogo, psiquiatra, educador físico, guarda noturno e assistentes.
Finalizado o tratamento, começa então o acompanhamento domiciliar. “A família é co-dependente, ela fica doente junto com a pessoa e precisa ajudar nesta nova etapa”, afirmou o coordenador.
“Saio daqui gordinho e com coragem de trabalhar. Antes eu devia para todo mundo, agora eu acordo com dinheiro no bolso para comer do bom”, afirmou José da Silva, 56 anos, conhecido como Dedé
O local foi acolhido pela Prefeitura no final 2017, e transformado no primeiro espaço público do Estado do Tocantins, com ampliação do ambiente e fornecendo profissionais da área da saúde mental
Já foram tratadas mais de 800 pessoas no local e a maioria sai sem precisar tomar medicamento para dependência química