Por Ricardo Sottero | Fotos: Marcos Filho Sandes/Secom Araguaína
1º de abril de 2005. Há 18 anos, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) iniciava sua operação em Araguaína, três anos após a criação do serviço pelo Governo Federal. Dentre tantas histórias que simbolizam a importância do SAMU para a sociedade, algumas marcaram a vida de quem trabalha no órgão. O condutor socorrista Genivaldo Ribeiro dos Santos, de 46 anos, é um dos seis profissionais que estão no SAMU desde o início e lembra de alguns momentos marcantes da profissão. “Fizemos o atendimento à uma idosa e, oito anos depois, encontrei com um familiar dela que me reconheceu e agradeceu o nosso trabalho durante o socorro. Foi uma situação que nunca esqueci, marcou bastante em saber que somos reconhecidos pelo nosso trabalho”. A gratidão é resultado de um trabalho dedicado, segundo Genivaldo, que guarda na memória outra história digna de filmes e novelas. “Atendemos uma mulher grávida, que morava na zona rural e estava a caminho do hospital em uma carroça. Ela entrou em trabalho de parto e, quando chegamos, debaixo de chuva, precisamos fazer o parto ali mesmo”. Os números por trás das histórias De 2005 a 2022, o SAMU de Araguaína recebeu mais de 230 mil ligações que geraram quase 100 mil atendimentos. O ano passado, inclusive, foi o que registrou mais atendimentos, 8.033 no total. Sobre as vidas salvas pelo SAMU, os dados são dos últimos três anos. De acordo com o órgão, pessoas em situações graves socorridas e que sobreviveram somaram 4.505 vidas. Quando o assunto são os trotes recebidos pelo SAMU, é possível fazer também uma avaliação positiva. Na série histórica de 2018 a 2022, anos após ano, o número de chamadas falsas reduziu em mais de 86%, saindo de 1808 trotes em 2018 para 239 em 2022. SAMU na pandemia Alberto Gomes assumiu a direção do SAMU em 2019 e lembra que um dos maiores desafios do serviço foi a pandemia da covid-19. Neste período, o órgão investiu em novas capacitações e reestruturação para continuar com os atendimentos convencionais e ainda dar suporte para os casos de covid-19. No total, em 2020, 2021 e 2022, o SAMU realizou 1.592 transportes de pessoas até os hospitais. “E o trabalho foi além. Atuamos para a renovação da nossa frota, que foi concretizada no ano passado, e agora estamos empenhados na estruturação da nova base de operações na Avenida Filadélfia. Paralelo aos grandes investimentos, mantemos constante a renovação dos equipamentos e uniformes, além dos treinamentos e atualizações dos servidores”, afirma Alberto. Estrutura para a população Hoje, o SAMU conta 91 servidores, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores, atendentes e demais cargos administrativos. A frota opera com quatro viaturas, três de suporte básico, composta por um técnico de enfermagem e o condutor socorrista, e uma unidade avançada, que atua com um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e um condutor socorrista. Além disso, o órgão conta com mais três motos que atendem em dupla ou em trio e que são conduzidas por enfermeiros ou técnicos de enfermagem. Vocação e competência A enfermeira Francislete Lira Fontes, de 49 anos, também está no SAMU desde o primeiro dia de funcionamento. Aliás, um pouco antes. “Entrei cinco meses antes da inauguração dos serviços para poder passar por treinamento e ajudar na instalação, organização e treinamento dos outros profissionais”. Para a enfermeira, trabalhar no serviço de emergência é quase que um sacerdócio, porque todos os dias ela tem a oportunidade de cuidar de pessoas na sua fragilidade. “Saímos de casa com a única certeza de cuidar do outro”. Assim como muitos servidores do SAMU, ela coleciona momentos emocionantes, mas uma história a marcou até hoje. Foi o atendimento a um jovem de 14 anos que estava passando férias na casa da mãe. A mãe recebeu uma descarga elétrica em um tanquinho de lavar roupas e o jovem tentou salvá-la desligando a tomada, mas acabou recebendo uma descarga elétrica mais forte, poque ele estava descalço no chão molhado. “Nosso tempo de resposta foi muito rápido, cerca de quatro minutos com o uso das motos, que vão à nossa frente para agilizar o atendimento. Chegamos logo em seguida com a viatura de suporte avançado e ficamos cinco minutos fazendo massagens cardíacas, intubações, intervenções medicamentosas e ele retornou à vida sem sequelas. Vi naquele menino um filho meu, com o choro desesperado daquela mãe”, disse Francislete. Colocar-se no lugar da outra pessoa que está precisando de atendimento é uma das características que a enfermeira acredita que é o diferencial do SAMU, mas também é um desafio. “Moramos em uma cidade relativamente grande, mas que ainda tem aquele costume de cidade pequena, onde todos praticamente se conhecem de alguma forma. Por isso, o mais desafiador é aprender a lidar com as emoções, porque podemos cruzar com algum conhecido durante os atendimentos”. Reconhecimento Em 2020, a aposentada Maria do Socorro Silva, de 62 anos, fez questão de agradecer os profissionais do SAMU pelos serviços prestados. Ela estava sozinha em casa, com covid-19 e sem nenhum transporte, quando começou a sentir falta de ar. Entrou em contato com o SAMU, que fez o transporte dela para o hospital, inclusive mais de uma vez. “Eu sou grata porque eles são muito humanos, conversavam comigo, me levavam para UPA ou faziam os procedimentos e ficavam. Eles são tão bacanas que, quando saiam, batiam o portão e eu já ficava cochilando”, contou a aposentada. Um serviço mais que essencial O condutor socorrista Genivaldo escolheu o SAMU porque sente prazer em poder contribuir com as pessoas. “Para mim, o SAMU veio para ficar. Desde a primeira ocorrência que atendi até hoje, eu sempre tive prazer no que faço. Eu fico muito emocionado em falar do SAMU porque é praticamente uma família para mim. Nenhuma cidade hoje, do porte de Araguaína, consegue ficar sem os serviços do SAMU”.
A enfermeira Francislete ainda deixa um recado muito claro para a população: “Na maioria das vezes, obtemos sucesso nos nossos atendimentos, nos doamos ao máximo para que a nossa população se sinta segura, assistida, cuidada e, acima de tudo, se sinta na certeza de que o SAMU não desiste do seu paciente”.
Segundo o condutor socorrista, Genivaldo Ribeiro, o SAMU veio para ficar. “Eu fico muito emocionado em falar do SAMU, porque é praticamente uma família para mim”. Francislete, enfermeira do SAMU desde o início das operações, reforça que as equipes atuam com dedicação para que a população se sinta segura, assistida, cuidada
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