“Quando se perde a visão, a vida não acaba. Os demais sentidos funcionam perfeitamente, é apenas um diferencial”, contou o auxiliar de radiologia Wilson Dias, que participou do 9º Encontro Especial da Pessoa com Deficiência Visual, em Araguaína.
Todos os anos, o evento realizado pela Secretaria Municipal da Educação tem a missão de promover a inclusão social, proporcionar momentos de lazer e interação de pessoas com cegueira ou baixa visão junto a colegas de aula, professores e familiares. As atividades foram realizadas na AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), no último dia 27.
“Esse é um momento de fortalecer os laços, a amizade, o companheirismo e reforçar que ninguém é melhor do que ninguém, todos somos iguais”, disse a secretária da Educação de Araguaína, Elizangêla Moura.
“Aqui a gente fala sobre as nossas vivências, aprende uns com os outros, seja com as dores ou a alegria. É maravilhoso esse encontro”, compartilhou a diretora da Educação Especial da Secretaria da Educação de Araguaína, Ana Paula Oliveira.
Tarde de atividades
Ao todo, 38 pessoas participaram do encontro, que contou com uma programação diversificada e dividida por faixa etária. Os adultos participaram da tradicional roda de conversa com a presença de psicólogas, além de uma trilha inclusiva, competição de forró e aula de zumba. Já as crianças banharam de piscina e brincaram no parquinho.
Uenzo Fernandes, de nove anos, estuda na Escola Municipal Joaquim Sabino. Ele tem baixa visão e autismo, e estava ansioso para o evento começar. “Eu gosto de participar, porque é muito bom para gente desenvolver”, contou Uenzo.
Um lanche com comidas típicas do mês de junho também foi servido para todos os participantes no final do evento. “É um momento muito aguardado por eles. Nós começamos com os alunos ou adultos que em algum momento foram atendidos pelo Município e não perdemos esse contato. Tem muitos que estão conosco desde a primeira edição, há nove anos”, informou a coordenadora do Núcleo da Educação Especial, Ana Madalena Especial.
Histórias inspiradoras
Aos 53 anos, Wilson Dias é graduado em Letras, técnico em radiologia, casado há 28 anos e pai de dois filhos. Ele possui deficiência visual desde a infância e conta que a cegueira total não foi empecilho para ir em busca de suas metas.
“Dá para se fazer muita coisa sem enxergar, desde que a pessoa aceite a condição, tenha interesse e busque a oportunidade, porque se você ficar só esperando, não vai funcionar”, aconselhou o técnico em radiologia.
A estudante de Direito, Kelvia Rabelo, também é um exemplo de superação e compartilhou a sua história na roda de conversa. Ela conta que, aos 23 anos desenvolveu a baixa visão, devido a um glaucoma hemorrágico adquirido por complicações da diabetes, comprometendo a visão total de um dos olhos e 10% do outro foi afetado.
“Eu nunca tive depressão por causa disso, ao contrário, sou uma pessoa alegre até hoje. Percebo que muitos deficientes ficam escondidos, com receio de sair na rua e não socializam. Quero muito que essas pessoas consigam ter alegria, aceitem a deficiência do jeito que ela é, sem medo de viver”, contou Kelvia.
(Por Giovanna Hermice | Fotos: Secom Araguaína)
“Dá para se fazer muita coisa sem enxergar, desde que a pessoa aceite a condição, tenha interesse e busque a oportunidade", aconselhou o técnico em radiologia, Wilson Dias
A estudante de Direito, Kelvia Rabelo, também é um exemplo de superação e compartilhou a sua história na roda de conversa
Segundo a coordenadora do Núcleo da Educação Especial, Ana Madalena Especial, o evento é muito esperado pelos participantes e muitos participam desde a primeira edição
Durante a programação, dividida por faixa etária, as crianças que participaram banharam de piscina e brincaram no parquinho
“Eu gosto de participar, porque é muito bom para gente desenvolver”, contou o aluno Uenzo Fernandes