Quando o pequeno Abner Martins estava com sete meses de idade, em setembro de 2024, precisou passar por uma cirurgia cardíaca complexa e de alto risco no Hospital Municipal de Araguaína, em setembro de 2024. A mãe, Simone Sousa Martins, veio de Palmas com o filho para a cirurgia e os dois passaram quase 30 dias na unidade. Ela conta que, desde a entrada, no primeiro contato com o porteiro, até as demais interações com os técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e demais profissionais, o acolhimento foi exemplar.
“No Centro Cirúrgico, fui recepcionada pelos médicos cirurgiões, Dr. Pablo e Dr. Cláudio, pelo anestesista Dr. Gabriel, pela Dra. Renata, cardiologista, e eles me informaram sobre todos os riscos da cirurgia e o pós. Mas eles me passaram muita segurança pelo conhecimento deles, pelas experiências que eles têm. Inclusive, eles me explicaram sobre como obter o prontuário médico do meu filho, segui as orientações e consegui sem dificuldades”, conta Simone.
Desde dezembro de 2019, quando o serviço foi iniciado no HMA, a unidade já realizou 349 cirurgias cardíacas pediátricas, atendendo todo o Tocantins e outros municípios do Pará e Maranhão. Hoje, Araguaína é a única cidade do estado a oferecer essa modalidade de procedimento.
“Somos referência para todo o Tocantins, porque o investimento que fazemos na saúde é sério e com comprometimento. O HMA conquistou diversos reconhecimentos e vem mantendo um fluxo mais que satisfatório de cirurgias e outros atendimentos graças às gestões responsáveis do Município e da organização social que gerencia esta e outras unidades”, pontua Ana Paula Abadia, secretária municipal da Saúde de Araguaína.
De acordo com informações do ISAC (Instituto Saúde e Cidadania), mais de 90% dos casos de crianças do Tocantins que necessitam de cirurgia cardíaca são solucionados dentro do próprio hospital. O tempo médio de espera é inferior a 30 dias, sendo que, em muitos casos, os pacientes são operados em menos de 10 dias após a indicação médica.
“Esses números representam um diferencial expressivo quando comparados a outros serviços públicos do país, onde filas podem ultrapassar meses de espera. Os indicadores de resolutividade, tempo de espera e mortalidade estão em patamar de excelência, e nenhuma criança deixou de receber atendimento em caráter emergencial”, informa Elena Medrado, médica pediátrica e diretora técnica do HMA.
O HMA é uma unidade hospitalar municipal, mantida pela Prefeitura de Araguaína e gerida pelo ISAC. As cirurgias cardíacas pediátricas são custeadas pelo Governo do Tocantins.
Acolhimento que faz a diferença
“O Caio nasceu com uma cardiopatia congênita e chegou para nós por meio de adoção. Já sabíamos do diagnóstico e começamos a correr atrás de tratamento, tanto particular, quanto pelo SUS. Em março de 2024, meu filho passou por uma cirurgia cardíaca no HMA. Foram oito horas de espera muito angustiantes, até que recebemos a notícia de que a cirurgia tinha dado certo. Hoje ele tem dois anos e está cheio de saúde”, conta a mãe, Lucineia Divina Lopes, moradora de Araguaína.
A técnica de enfermagem destaca a atenção recebida por todas as equipes por onde o pequeno Caio passou antes e depois da cirurgia.
“O carinho e a atenção da equipe médica e da enfermagem foram fundamentais. Não só os cuidados médicos, mas também a forma como fomos tratados, a atenção, a escuta e o carinho da equipe de saúde nos deram forças para continuar. Houve contratempos, mas sempre fomos bem acolhidos e todas as questões foram resolvidas”, agradece Lucineia.
Sempre em busca do melhor
Diante da inexistência de profissionais especializados em cirurgias cardíacas pediátricas em Araguaína e no Tocantins, a prefeitura e o ISAC precisam buscar profissionais de outras partes do país. Mesmo diante deste cenário, nenhuma criança deixou de ser atendida em caráter de urgência.
A atuação da equipe médica não se restringe à agenda mensal previamente programada. Sempre que há necessidade de atendimento emergencial, a assistência é garantida de forma imediata, sem que nenhum paciente fique desassistido.
Além disso, o hospital mantém protocolos formais de acompanhamento pré e pós-operatório, que incluem tanto consultas, quanto exames, garantindo a continuidade do cuidado, a segurança clínica e o acolhimento aos pacientes e suas famílias, modelo que tem permitido o acompanhamento constante e humanizado.
“Isso reflete na taxa de mortalidade pós-operatória, que no HMA é significativamente inferior à registrada em outros centros nacionais, resultado direto da combinação entre equipe altamente especializada e protocolos clínicos rigorosos. Isso coloca o hospital em posição de destaque como um dos principais centros de cirurgia cardíaca pediátrica do Norte e Nordeste do Brasil”, ressalta a médica Elena Medrado.
Ainda conforme levantamento do ISAC, nos canais internos de atendimento aos usuários, disponíveis para denúncias, sugestões e elogios, não há reclamações de pais dos pacientes sobre as cirurgias cardíacas pediátricas neste ano.
Atenção integral
Moradores de Paranã, na região sul do estado, há mais de 700 quilômetros de Araguaína, a empregada doméstica Maria de Jesus Sousa Varanda, e o filho Isaque Alves Varanda, hoje com 11 anos, passaram mais de 20 dias no HMA, em dois momentos diferentes, para cirurgias de substituição de válvulas cardíacas no jovem. O primeiro procedimento foi em julho de 2021 e outro em maio de 2024.
Isaque segue reagindo muito bem à cirurgia e com acompanhamentos frequentes. A mãe, Maria de Jesus, disse que só tem a agradecer pelo acolhimento recebido.
“Nós fomos muito bem atendidos. Nos primeiros atendimentos antes da cirurgia, a equipe achou outros problemas, porque ele fez muitos exames. Também descobriram a causa de um outro sintoma que ele tinha. Ele fez as cirurgias e passaram a medicação, que ele toma tudo direitinho. Conseguimos resolver tudo o que tinha para resolver”.
Feitos de destaque
Em maio de 2022, o HMA realizou a primeira cirurgia de inversão de artérias cardíacas do Tocantins, procedimento conhecido como Cirurgia Jatene. No mês de março de 2024, em uma cirurgia inédita em Araguaína, o HMA implantou um marcapasso em um bebê de apenas dois meses de vida.
Já em janeiro deste ano, o hospital realizou a primeira cirurgia cardíaca pediátrica minimamente invasiva do Tocantins, acessa o coração a partir da parte lateral do corpo, na região da costela, proporcionando um corte menor, com impacto estético reduzido, e uma recuperação mais rápida. Dois pacientes foram beneficiados com a técnica.
Números de qualidade
Em 2024, o HMA realizou 68 cirurgias cardíacas pediátricas. Já em 2025, apenas entre os meses de janeiro a agosto, foram realizadas 66 cirurgias, praticamente igualando o volume do ano anterior em apenas oito meses. O crescimento é um indicativo da capacidade de resposta do hospital e o compromisso em ampliar o acesso ao tratamento especializado.
Atualmente, há apenas cinco pacientes regulados em fila de espera, todos classificados conforme prioridade clínica e acompanhados pela equipe médica. Casos urgentes ou emergenciais têm prioridade absoluta e são atendidos prontamente, sem que haja atrasos ou prejuízos no atendimento assistencial.
A unidade conta com uma UTI Pediátrica de dez leitos e equipe multidisciplinar de 71 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e especialistas em terapia intensiva, garantindo suporte integral aos pacientes. A unidade foi inaugurada em abril de 2018.
Além dos equipamentos, o HMA investe em uma equipe dedicada para a UTI Pediátrica, composta por 71 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros especializados, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas e outros especialistas indispensáveis no atendimento pediátrico.
Reconhecimento nacional e internacional
Em 2021, o hospital recebeu a certificação Qmentum Internacional, na categoria Diamante, concedida por um programa canadense voltado para práticas assistenciais, governança clínica e atendimento humanizado centrado no paciente.
O HMA também é reconhecido como o único hospital do Tocantins e o segundo da região Norte a ser contemplado com o prêmio "Melhores Hospitais Públicos do Brasil", conferido pelo IBross (Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde).
Em junho de 2023, o HMA foi habilitado pelo Ministério da Saúde para realizar atendimentos de alta complexidade cardiovascular e cirurgias cardíacas pediátricas, passando a integrar uma seleta lista de unidades de referência nacional nesse tipo de procedimento.
“Graças a Deus, conseguimos operar o Abner aqui no Tocantins, porque a dificuldade para sair do estado seria grande, pelos gastos, estadias. Hoje, o HMA salva vidas, porque muitas famílias não têm condições financeiras e emocionais para buscar tratamento em outros estados”, finaliza Simone, mãe do pequeno Abner.
(Por Ricardo Sottero | Fotos: Arquivos Pessoais | Marcos Filho / Secom Araguaína)
Lucineia e o filho Caio
Maria de Jesus e o filho Isaque
